Agenda de concertos (carregar no evento para mais informação)

terça-feira, 31 de julho de 2007

Bersoins... (e num suó!)



A crítica musical parece, por esse mundo fora e não só em Portugal, reger-se por um monte de conceitos em que a qualidade musical acaba por aparecer em "minoria silenciada", qual voto em branco no meio de "partidarizações" cheias de dinheiro, digo, argumentos "políticos".

Dito isto, a propósito do lançamento do novo disco dos Trabalhadores do Comércio tenho lido, consoante a "filiação" dos críticos, coisas desde o "Marabilhoso" ao "anacrónico e escusado".

Pois já cá o tenho e não estou a perceber muito bem o que esta gente ouviu (se é que ouviu). O resultado não é seguramente maravilhoso nem me parece que fosse essa a ideia. O que daqui sai é justamente o que a ele levou: o prazer de fazer e tocar boa música. E quando falamos de boa música, por muito que custe a certos "jornaleiros" que por aí escrevem, aqui dentro destas rodelas há muita e muito bem tocada, muito bem produzida e, pricipalmente, com uma capacidade incrível de gerar boa disposição. Mesmo quando se vai com "para lá de trintas de carreira", como é o caso de alguns dos músicos implicados, a "Iblussom" é evidente.

Contra o argumento do "aproveitamento de sucessos requentados" tenho a dizer que a mim chegava-me perfeitamente o disco de originais (e não só...), mas já que oferecem o outro, "num digo que nom".

O que a maioria dos críticos também se tem esquecido de comentar são as duas versões adaptadas de músicas de Frank Zappa presentes neste Iblussom, por sinal excelentes (bem, ó Sergio, eu dispensava o faduncho, mas pronto... seja), de Lucille Has Messed My Mind Up e Why Does It Hurt When I Pee (aqui chamadas Lucinda e P.Q.M.D.Q.U.).

Pois aqui fica a tocar uma "traque" desta "berdadeira injéssom anti-depressom" (e vai na volta é por isso que os "Curtis Kobains" desta vida os não curtem), justamente essa "bersom" que dá pelo nome de Lucinda.


"Lucinda"
Artista: Trabalhadores do Comércio
Álbum: Iblussom


quinta-feira, 26 de julho de 2007

(A)versões...


Sandy Denny

Porque é que os músicos fazem versões de canções alheias?

Tenho para mim que há duas razões:

- Porque se gosta.
- Porque não se gosta.

No primeiro caso, e simplificando bastante a coisa, geralmente para partilhar uma realção especial com algo que outra pessoa fez, misturando no processo algo de seu. No segundo caso para rir um bocado à custa do que é mau ou, porque também acontece, para tentar aproveitar a parte boa de uma canção com potencial. Hoje interessam-me as versões de canções de que se gosta.

Posso ser um bocado tendencioso (só um bocadinho) mas não me parece que a actualmente tão aclamada Cat Power tenha feito uma versão de "Who Knows Where The Time Goes" da Sandy Denny, vocalista dos Strawbs e Fairport Convention (e mais tarde a solo) por não gostar da canção. E se gosta, porque é que fez isto?

Há coisas na música que me passam um bocado ao lado, coisas a que dou um desconto por saber um pouco como funciona o mundo das "estrelas do Rock" (acho piada ao estatuto de "estrela Indie", agora muito na moda) e acabo por não ligar a certas parvoíces que se fazem à conta disso. No entanto, há outras que me chateiam à brava, talvez porque vêm cá mexer no meu baú das preciosidades. Cat Power desceu uns bons pontos na minha consideração musical e eu faço questão de deixar aqui a tocar por uns tempos uma das canções de que mais gosto de uma das melhores cantoras que já ouvi, enquanto vocalista de uma das minhas bandas preferidas.

Chan, se não sabias não mexias! Escusavas era de estragar!



"Who Knows Where The Time Goes?"
Artista: Fairport Convention
Álbum: Unhalfbricking



terça-feira, 24 de julho de 2007

Malhando em ferro frio

O Zé Pedro (dos Xutos) lá continua, no pequeno espaço que tem na rádio Radar, a tentar dar a conhecer as bandas portuguesas a gente que gosta de ser formatada por doutrinas que vêm de fora (tipo NME).

Força, ZP, estou contigo!
Mas diversifica um bocadinho mais, ok? É que sempre os mesmos o pessoal fica mesmo a pensar que não há mais nada.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Publicidade... alternativa?

Parece que os White Stripes deram um concerto de uma nota (!) no Canadá!

As notícias vão ao pormenor de esclarecer que a nota tocada não foi de 500€ mas sim um C# (em português, dó sustenido).

Mesmo assim, tiveram bastantes fãs a assistir, apesar destes terem sido avisados da duração do "concerto", que serviu para declarar a toda a gente que a banda tinha tocado em todos os territórios e provincias do Canadá (não bastava terem dito?). Pensando bem, se calhar é a única maneira de se sair dum concerto destes tipos com os ouvidos em boas condições.

Ora então digam lá que os "alternativos" não se metem em golpes publicitários.

Já agora, a Beth Ditto dos Gossip nua na capa do NME é o quê? Uma acção de protesto?

Oh, santa inocência!!!

domingo, 8 de julho de 2007

Ó Abrunhosa, e o Zé Mário?

Estava eu na sexta-feira a ver um programa no canal 2 sobre o Carlos do Carmo e os seus 40 anos de carreira produzido em 2003 (fantástico, transmitido com apenas 4 anos de atraso) quando, entre outros depoimentos da responsabilidade de outras pessoas, aparece o Pedro Abrunhosa dizendo que Carlos do Carmo, Zeca Afonso, Fausto e Sérgio Godinho seriam, mais do que qualquer músico pop-rock, os principais responsáveis pela música pop que se faz hoje em Portugal.

Esquecendo aqui o facto de a maior parte das influências dos músicos pop portugueses vir provavelmente do estrangeiro, fiquei sem perceber como é que um tipo, que até percebe de música, deixa de fora deste grupo o José Mário Branco que, para além da originalidade e qualidade da maior parte das coisas que faz em nome próprio, acabou por ser interveniente (e muitas vezes até responsável), entre muitas outras coisas, em muito (mais nuns casos do que em outros) do que fizeram em termos de arranjos, composição e sonoridade pessoas como... Carlos do Carmo, Zeca Afonso e Sérgio Godinho (isto sem querer tirar, obviamente, qualquer valor aos próprios).

Quanto à afirmação do Pedro Abrunhosa, à falta de melhor explicação vinda do próprio (que insiste em referir James Brown como uma das suas principais infuências), fica à mercê dos vossos comentários, assim os queiram deixar por aqui!

Entretanto, e para dar um pouco de banda-sonora ao que acabo de escrever, fica aqui a tocar uma musiquinha vinda directamente de um dos discos em que o Zé Mário "meteu as mãos" e que fizeram com que muitas coisas mudassem na música portuguesa.

"Senhor Arcanjo"
Artista: José Afonso
Álbum: Cantigas do Maio
(Arranjos e direcção musical: José Mário Branco)



Não tivesse eu mais que fazer...

Não fosse ontem um dia dedicado à "cumbibência" e hoje estaria provavelmente com a neura. E porquê?

É que, como se sabe, hoje em dia não há sítio onde não haja uma televisão acesa, o que motivou o facto de eu ir dando umas olhadelas a ver o que se ía passando na tão proclamada transmissão de 24 horas do Concerto Global Live Earth.

Se é verdade que não foram umas olhadelas assim tão esporádicas, também é verdade que, ainda menos do que isso (esporádicas) foram as vezes em que consegui ver alguma parte dos vários concertos que, dizem, aconteceram por esse mundo fora (dizem, que eu cá duvido). E mesmo essas poucas vezes em que se ouviu música muito raramente resultaram sequer na audição de uma canção completa.

Ainda consegui ouvir a Catarina Furtado interromper as "interessantissimas" conversas que se passavam no estúdio para dizer que a culpa de não vermos mais era dos Americanos, que tinham o sinal e só mostravam o que se queriam. (pois, e eu não via, volta e meia, as bandas a tocar no ecrã que estava por trás).

Ora então, o que eu fui vendo durante todo o dia foram alguns bocados de conversas em que alguns "vipes" à portuguesa iam alternando alegremente banalidades com enormidades a propósito do tema do dia: S.O.S. Terra!

O que havia para saber de facto quanto aos perigos para Portugal do Aquecimento Global já eu tinha visto, num programa que tinha dado de madrugada e do qual eu acabei por desistir para lá da 3 da manhã (excelente hora para transmitir o saber de quem realmente... sabe).

Agora, falando mais a sério (se é que antes falei a brincar), o que se viu ontem na televisão pública foi, à falta de outro termo mais adequado, uma vergonha! Mas daquelas vergonhas que deviam fazer os responsáveis por aquela tristeza vir pedir desculpas a quem lhes paga as "madurezas": nós todos!

Se queriam pôr uma cambada de gente pseudo-importante a conviver uns com os outros e a dizer coisas (parece que eles gostam muito de dizer coisas), escusavam de o fazer nas nossas televisões. Faziam mais uma festa daquelas que costumam fazer, pagas pelas revistas que as costumam pagar, com uns fatinhos emprestados e umas limusines alugadas, iam todos para lá e deixavam a televisão a transmitir sozinha aquilo que "os Americanos deixavam", que a gente agradecia (e o Puto até era capaz de ter conseguido ver a Madonna).

Só mais uma coisa:
Vejam lá! É que isto de os Americanos mandarem nos concertos do Pavilhão Atlântico e não deixarem transmitir uma única canção inteira das bandas portuguesas que lá tocaram, fossemos nós uma nação valente e imortal que deu novos mundos ao mundo e poderia mesmo ter causado um incidente diplomático!


terça-feira, 3 de julho de 2007

De cerveja e telemóveis

Se é verdade que a cerveja em excesso e o uso desregrado dos telemóveis trazem com eles vários factores prejudiciais à saúde, há no entanto um efeito lateral pouco considerado mas também bastante grave:

- Os festivais de Verão!

Começou hoje o segundo acto de mais um desses flagelos anuais, em que milhares de ovelhas muito pouco (contrariamente ao seu próprio entendimento) tresmalhadas se dirigem a um recinto para gastar muito dinheiro, ser muito mal tratadas e ver maus e pequenos concertos das suas bandas favoritas, levando no processo com outros tantos maus concertos de bandas que não lhes interessam e os quais fazem questão de boicotar sem qualquer pingo de consideração por alguém que, por algum acaso, tenha gostos diferentes.

Se juntarmos a isto a pouca consideração para com as bandas portuguesas que raramente são convidadas e quando são apenas servem de "enchimento de chouriços" enquanto a noite não cai quando, cada vez em mais casos, têm qualidade se não para liderar o cartaz, pelo menos para actuar depois de bandecas (em princípio de carreira ou não) que vão sendo "levadas ao colo" por paylists de rádio e marketings mais ou menos encapotados, então de facto não percebo o sucesso destes eventos.

Ou melhor, até percebo, ou não fosse este país um dos maiores consumidores de cerveja e telemóveis...

É pena. Até podíamos ter cá uns concertos bons em salas decentes. Assim levam com o "enlatado pronto-a-usar compactado para festival de verão".

Eu cá não vou!

Fica aqui a tocar uma gravação ao vivo impossível de reproduzir num parque de estacionamento ventoso cheio de copos de plástico no chão, entre chavalitas a discutir a roupa do vocalista dos Klaxons e totós a gritar "Ó Elsa!"


"Empty Pockets & Broken Bicycles"
Artista: Tom Waits
"Ao vivo"